Seleção artificial em cães, uma interferência vantajosa ou prejudicial para eles?

04/08/2013 21:35

        Uma das melhores formas de trabalhar evolução e seleção natural é trazendo as temáticas para um contexto mais próximo do cotidiano dos estudantes. O animal doméstico mais encontrado nos lares de todas as pessoas do mundo são os cachorros, ancestral direto dos lobos selvagens. Para abordar o tema da seleção artificial em cães indico utilizar a Revista Veja edição 2122 - ano 42 - nº 29 - 22 de julho de 2009.

 

        A capa traz o título: "Eles venceram: Cães e gatos são tratados como filhos em milhões de lares brasileiros, que gastam com eles 9 bilhões de reais por ano". O artigo nos mostra que cada vez mais temos animais de estimação em casa e que estamos gastando bastante dinheiro com o bem estar deles. Trazendo para um viés mais biológico, podemos tirar algumas inferências desse tema.

        A seleção artificial feita nos cães não tem um caráter como nos animais de produção, ela é mais estética do que para melhoramento genético. Hoje temos diversas raças de cães e muitas misturas de uma com outra. Essas misturas nem sempre são benéficas, por exemplo, em muitas raças como o Rottweiler (origem alemã) o aumento de câncer pela miscigenação já foi diagnosticado. O próprio autor que vos escreve aqui, já teve três desses "raça pura", dos quais dois (não aparentados) vieram a falecer de diferentes tipos de câncer. 

           Muitas características bizarras acabam sendo expressas após misturas de raças e a seleção, como por exemplo o tamanho diminuto das patas do Dashchund, alteração no tamanho da parte inferior, orelhas enormes no Basset Hound (que atrapalham na locomoção), focinhos achatados em Bulldogs (prejudicam a respiração), olhos extremamente saltados em Shitzu (problemas de conjuntivite e cegueira), pele extra em Shar peis (micoses e infecções nas bordas),  fora outros problemas psicológicos e ósseos. 

        Porém, para a preservação da espécie a domesticação dos cães é extremamente vantajosa. Hoje em dia a ligação entre humanos e cães certamente colocam em muito baixa a probabilidade de extinção deles, enquanto a espécie humana for próspera no planeta, os canídeos domésticos também serão.

        Os humanos poderiam só começar a utilizar a seleção artificial para o benefício genético dos cães, para tentar a diminuição de doenças e mutações deficitárias nas diferentes raças. Aliás, dar uma diminuida na criação de raças só pelo "bel prazer" e estética também poderiam ser cessados. Assim, os canídeos domésticos podem continuar com grandes populações e baixas frequências de genes que geram mudanças desvantajosas neles. 

 

        Discuta com os seus alunos e alunas o que eles acham sobre a seleção artificial, coloque outros temas e com outros animais domésticos ou plantas. Qual a opinião deles em relação a vantagens e desvantagens da seleção artificial nos seus animais de estimação? Problematize através de contextos próximos deles, temas polêmicos a cerca da biologia.